Mais um dia de cinema e brincadeiras nas escolas do campo

29 de agosto de 2013

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Por Warlise Weller

Uma bruma leve cobria Rio Novo do Sul, a cidadezinha onde estamos hospedados. A chuva da noite lavou a poeira e trouxe o friozinho da manhã.

Nosso destino hoje é a Escola Municipal Pluridocente de Ensino Fundamental Orestes Bernardo, localizada na comunidade de Itataiba, município de Rio Novo do Sul. A escola está situada no campo. Saímos da BR-101 e adentramos uma estrada de chão. No campo, a jornada de trabalho começa cedo. Paramos o carro e pedimos informação num rancho, perto da estrada. Três pessoas estavam sentadas em seu banquinho, ordenhando a vaca. Uma cena rara para quem vive na cidade.

Após alguns quilômetros, avistamos a escola. Os trinta alunos, entre 6 a 12 anos, já estavam acomodados nas duas salas de aula da escola. Depois que nos apresentamos, começamos a movimentação, com um caloroso e em bom tom “Bom Dia”! Os rostos exalavam alegria a expectativa.  Nossa roda de conversa e brincadeiras com os pequenos foi divertida. Algumas palavras saíam um pouco assustadas pela timidez, mas aos poucos, o clima era de leveza e diversão. Não tem quem não se encante com o mundo animado, até os menores observam os movimentos do flipbook. A “mágica” do zootrópio abre uma janelinha para novos conhecimentos e demonstra como é possível criar a ilusão de uma imagem em movimento.

Depois de observar como ocorre a animação, chegou a hora de sentar e assistir aos filmes. Na improvisada sala de cinema, todas as idades estavam reunidas. Um momento de integração entre os dois grupos. O silêncio, a concentração são notáveis. Em algumas cenas, a risada com os amigos e as observações chamam a atenção. Uma das grandes surpresas de preferência de público é o curta-metragem A Velha a Fiar. Engana-se quem pensa que o público infantil só gosta de ação em 3D. O filme que é em preto e branco foi dirigido em 1964 por Humberto Mauro. O enredo ilustra a canção popular e fala do ciclo da vida. O filme instiga as crianças a exercitarem o olhar, a memória e a audição através da cantiga e da linguagem audiovisual, um bom instrumento de aprendizagem.

Nas escolas do campo, o espaço de ensino acaba sendo um dos poucos ambientes coletivos das crianças. A relação entre os alunos vai além do processo de alfabetização, parece ser mais intimista. Os aplicativos tecnológicos ainda não fazem parte do mundo real deles.

Os alunos votaram nos filmes com muita certeza. A interação foi envolvente. Alguns queriam contar seus “causos” ao ver o filme Eu queria ser um Monstro.  “Fim” é a palavra mais chata de se ler. Fomos “intimados” a exibir mais um curta-metragem para fechar essa manhã. Quando as primeiras imagens do filme “Pajerama” apareceram na tela, ouvimos uma exclamação: “agora sim”.  A plateia viveu fortes emoções com o índio que é pego numa torrente de experiências estranhas, que revelam mistérios de tempo e espaço, com a força de uma trilha sonora incrível.

Foi um presente ver o menino mais tímido da manhã querendo dar uma entrevista para a câmera. Um ato de bravura e superação.

Despedimos-nos desta manhã inspiradora, com uma cena de rara beleza e fragrância: cafezais floridos decoravam o caminho para o próximo destino. O Cinema na Escola tem realização do Instituto Marlin Azul e o patrocínio da Samarco.

Fotos: Gustavo Louzada

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