Por Warlise Weller
Estamos bem perto do Pico da Bandeira, beirando a linha que separa o Espírito Santo de Minas Gerais. A escola fica afastada da vila. Entramos em uma estrada de chão, passando por cafezais até chegar à Escola Municipal Pluridocente de Ensino Fundamental Parada Pimentel. Aqui estudam cerca de 80 crianças, um número muito maior de alunos do que nas localidades por onde passamos nos dias anteriores.
Foi só a van estacionar e todos os olhares miravam em nossa direção. “O Cinema Chegou”, ouvi alguém dizer. Fomos conhecer as professoras, a merendeira e os alunos. Pensamos em dividir a turma por idade, mas a professora dos menores disse que seria possível fazer uma sessão com todos juntos. Difícil foi segurar essa turma curiosa e ansiosa. A novidade do flipbook trouxe muito encantamento. Os alunos “flipbookaram” e riram muito ao observar o movimento dos desenhos. Ver a flor se abrindo pelas janelinhas do zootrópio petrificou o olhar: “Olha que maneiro”.
A agitação era grande e o cheirinho da pipoca exalou “entretenimento”. Com a sala arrumada, em clima de cinema, era só chegar. Quase todas as crianças disparam para garantir um bom lugar. O momento é de grande algazarra e ansiedade. A presença dos “pequenos’ foi quase vetada pelos maiores, com receio dos filmes só para “crianças pequenas”. A pipoca chegou em boa hora. Todos se ajeitam e a sessão pode começar.
A plateia logo vibra ao ver a imagem do filme Albertinho. “É um desenho”, vibra alguém na sala. O fascínio pelas imagens e desenhos superou todas as idades. A concentração era geral. A interação ecoava na risada coletiva. Com as imagens, veio o som, que também impressionou muito. Os olhares buscavam ouvir de onde vinha aquele estrondo acústico inexplicável.
A novidade na sessão da escola de Parada Pimentel foi a batida de palmas. Talvez elas fossem de certa forma para o filme, mas o ritmo que abriu a festa foi o congo, que acompanhava os créditos da obra. O puxador era um “dos pequenos” e os aplausos no cinema deram vida ao momento. Quando a primeira sessão terminou, todos levantaram e foram merendar.
A refeição do dia é arroz com molho branco. A pressa para brincar no recreio é tão grande quanto a fome. As meninas gostam de pular corda, os meninos de jogar bola. Depois da pausa, a sala fica cheia para a sessão infanto-juvenil. As idades se misturam. Ninguém parece estar muito assustado com o Monstro Boitatá, mas alguns se abraçam, olhando concentrados para a tela, celebrando o frisson que o filme causou.
A criançada se diverte com o filme “A Galinha ou Eu” que instigou o coro a cantar, dirigido pelo Caca, o maestro do cinema. O “alecrim dourado que nasceu no campo sem ser semeado” encheu a sala de boas energias. Emocionante ouvir essa participação acústica!
Quando as luzes se acenderam, o pedido de sempre: queremos ver mais filmes! Os pequenos e os grandes foram fisgados por este mundo animado de imagens e estímulos, cheio de histórias, invenções, desenhos, cores, diálogos, sons, cantigas, monstros e monstrinhos, porcos, gatos, ratos, cachorro, burro, elefante, girafa, peixes, tartaruga, capivara…um universo onde a imaginação deixa tudo acontecer!
Depois de uma semana intensa, o Cinema na Escola se despede em grande estilo nesta animada sessão em Parada Pimentel. Foram dias de muita diversão e aprendizado. Conhecemos muitas crianças, convivemos com a curiosidade e criatividade de um público infantil muito participativo. Nossa próxima sessão será no dia cinco de setembro na Escola Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental Mariana da Purificação Simões, na comunidade de Belo Horizonte, em Anchieta. A realização é do Instituto Marlin Azul com patrocínio da Samarco.
Fotos: Gustavo Louzada
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