Por Warlise Weller
O despertador tocou antes de o galo cantar e o sino tocar. Da janela, a vista da cidade que acorda – bom dia Rio Novo do Sul!
Hoje nossa primeira sessão é na Escola Municipal Pluridocente de Ensino Fundamental Capim Angola. A escola fica ao lado da igrejinha e da BR-101. Assim que nosso carro se aproximou, avistamos os olhinhos de quem brincava no pátio, mirando em nossa direção. Eram quase trinta crianças, entre 6 e 13 anos. O pátio foi rapidamente trocado pela sala. Havia curiosidade e ansiedade em saber os filmes que iriam ver. De algum canto da sala alguém falou: “Eu gosto de filme de ação”.
Convidamos todos a sentar ao redor de uma mesa para conhecer alguns desenhos antes da sessão. Os alunos receberam as primeiras noções de animação de imagens brincando com o flipbook, ou livro filme. O flipbook é uma série de imagens organizadas sequencialmente em um bloquinho. Quando as páginas são viradas rapidamente os desenhos simulam um movimento, dando vida ao desenho. Mas isso só acontece se a leitura é feita da esquerda para a direita, ou seja, de trás pra frente.
A nova descoberta despertou euforia e admiração. Continuamos a incentivar as experiências de animação, apresentando o zootropio. Este “tambor” causa fascínio e surpresa e uma incompreensão: “como o desenho está andando”? Agora sim, a agitação é geral, para escolher o novo “ciclo de desenhos”. Todos sugerem suas preferências… o barco navegando sobre as ondas, a tartaruga nadando, a flor se abrindo, o coração batendo…
Neste momento, quando o cinema já estava quase sendo esquecido, anunciamos que a sala já estava pronta! Todos levantam imediatamente e se acomodam nas cadeiras, alguns guardando o lugar ao lado para um amigo. O filme Albertinho abre a sessão e dá continuidade na introdução ao mundo animação. O olhar concentrado parecia transformar as informações recebidas em conhecimento e imaginação. A sessão segue e, além dos filmes, pode-se escutar o ranger dos pacotinhos de pipoca.
Depois de um breve intervalo, o “júri popular mirim” avalia os filmes do primeiro bloco. A luz se apaga mais uma vez e começa a seleção de filmes infanto-juvenis. Um deles, A Galinha ou Eu, conta a história de uma galinha que caiu na privada. Não foram poupados risos e gargalhadas ao ver o destino da ave.
Houve quem gostasse mesmo das histórias divertidas e assombradas… Depois de uma longa sessão para um público infantil, ouvimos ainda “mais um” e “quando vocês vão voltar?”. Um menino muito esperto foi logo concluindo “parem na volta novamente, já que é no caminho”. Será que foram enfeitiçados pela magia do mundo animação?
A van do Cinema na Escola parte para o próximo destino, em Poço Dantas. Saímos do asfalto e entramos em uma estrada de chão que nos levou até a pequena escola. Os oito alunos brincavam no campinho de futebol. A tranquilidade do ambiente da escola contribuiu para organizar uma sala de cinema aconchegante com bastante espaço para a turminha.
Fizemos uma roda para cada um se apresentar. A timidez de mãos dadas parece ser mais fácil de ser vencida. E nada como brinquedos que “voam” para quebrar o gelo e permitir que as palavras aconteçam. Todos olhavam fixamente para os movimentos do “livrinho cinema”. A curiosidade e a procura por um livrinho ainda mais “legal” agitava a turma. Quando apresentamos o zootropio, a mesa parece ter diminuído e o número de crianças dobrado, tamanha era a aglomeração em cima deste objeto estranho. A professora mostrou a mesma empolgação e surpresa e todos se divertiram com os pulos incríveis do sapo…
Com o convite para adentrar a sala de cinema, as cadeirinhas logo estavam ocupadas e os olhares acompanhavam os desenhos em movimento do Albertinho. Exibir uma animação feita por crianças é uma experiência que busca mostrar uma linguagem lúdica, diferente da estética televisiva tão difundida. Educar o olhar para outras imagens não é tarefa fácil. Mas assim como as diferenças, as semelhanças também são observadas. As imagens do filme assemelham-se ao desenho de uma criança. Mas é um público exigente. Não prendeu a atenção, perdeu!
Depois do segundo bloco, os alunos queriam “mais um, mais mil”… Parece que eles foram fisgados pela animação.
O Cinema na Escola se despediu dos alunos de Poço Dantas exibindo Historietas Assombradas (para crianças malcriadas), que conta história de uma garotinha que vai dormir na casa da avó e, para pegar no sono, pede que ela conte historinhas assustadoras. A criançada se divertiu com as três histórias que ouviram.
A tarde caiu e a chuva chegou, vestindo o frade e a freira com um manto de nuvens. O Cinema na Escola tem realização do Instituto Marlin Azul e o patrocínio da Samarco.
Fotos: Gustavo Louzada
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