Por Warlise Weller
Nosso bonde partiu para Pacotuba para a sessão do dia 11 de setembro. No lugar temos uma ajudante e acompanhante. Bruna, que está hospedada na pousada onde estamos, pediu se podia participar da sessão em Pacotuba. Fomos para o centro buscar Elias. O Elias é o cara! É o nosso eletricista, guia turístico, contador de algumas histórias e comprometido com o seu trabalho. Ele foi o produtor executivo elétrico do circuito em Cachoeiro.
Chegamos em Pacotuba no meio da tarde. O vento soprava meio forte. Alguém já nos havia orientado, que o vento sopra a poeira da estrada quando está com força. A rua estava cheio de postes de luz e o céu bem instável. Quando conhecemos a quadra da praça, vimos que era ali que a sessão deveria acontecer. Interrompemos mais um jogo de futebol e cancelamos o treino dos meninos… mas em prol de uma boa causa: hoje tem cinema na quadra. Fomos imediatamente bem recebidos. Dois simpáticos garotos da equipe de futebol ajudaram a descer as cadeiras e equipamento. O garoto mais forte, zoava com Guilherme, nosso técnico, dizendo não acreditar que ele pudesse levantar peso com tanta magreza. A movimentação logo causou curiosidade e os primeiros se aproximaram para perguntar o que iria acontecer na quadra.
Escolhemos a posição mais protegida do vento e montamos as fileiras de cadeiras do nosso “auditório de Pacotuba”. Gabriel, um menino da comunidade, além de nos ajudar a montar o cenário, falou sobre sua comunidade, sua escola, seu time de futebol, seus amigos. Logo foram chegando mais algumas crianças e como tudo já estava pronto, resolvemos testar o equipamento, fazendo uma sessão prévia infantil. Exibimos dois filmes do projeto Animazul, Albertinho e Mestre Vitalino e Nós no Barro. A Animação pescou o olhar e a atenção do pequeno público que ocupava as primeiras cadeiras.
Quando a quadra foi enchendo, a pipoca chegou para alegrar o público. Adultos, crianças, jovens, idosos, se divertiam num clima de expectativa e curiosidade. A sessão começou com o documentário sobre Pacotuba. Este vídeo foi realizado por alunos da escola através do projeto Resgate Histórico das cCmunidades, com o apoio da Samarco. A plateia dava gargalhadas ao se reconhecer no telão. E para nossa surpresa, a senhora mais idosa do bairro, entrevistada para o filme, dona Abigail Leandro, foi chamada rapidamente para vir até a quadra para ver o vídeo. No final da exibição, uma salva de palmas para dona Abigail.
A programação do circuito começa e as crianças se divertem com os desenhos do filme Ele. O clima era de muita descontração. Olhares colados na tela, comendo pipoca, comentando as cenas engraçadas com o amigo ao lado… A sessão estava concentrada.
“Eu Queria ser um Monstro” e “A Galinha ou Eu”, são fortes concorrentes para o júri popular. Ambos arrancam boas gargalhadas da plateia. O filme “Quando o Universo Conspira” magnetiza o público também. O desfecho da história provoca risos e suspiros. “O Dono do Carnaval” e “Brilhantino” ganham agora a atenção dos adultos presentes na sessão. Os pequenos se jogam no tapete vermelho e fazem uma bagunça “organizada”, sem interferir muito na sessão. E foi assim que sentimos essa comunidade que já foi quilombola. Pacotuba é como se fosse um distrito, tem um perfil de respeito, de reconhecimento de limites.
A equipe agradece pelo apoio e acolhimento da comunidade, pela participação e envolvimento nesta noite de cinema em Pacotuba, que é uma palavra indígena na tradução do nome original da vila: Bananal. O Cinema na Praça tem realização do Instituto Marlin Azul com patrocínio da Samarco.
Fotos: Gustavo Louzada
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