Por Warlise Weller
Assim que chegamos em Ubu, logo começamos a dialogar com o tempo… ou melhor, com a companheira dele, a dona previsão. O sol aparecia timidamente atrás das nuvens escuras. O céu dava sempre duas respostas exatas: pode chover, mas pode ficar seco também. Difícil saber. A receita nessas horas é perguntar para quem é morador local. São eles que conhecem a vila, o mar, os ventos e os humores e rumores do tempo. João, o guarda-vidas da praia, garantiu: não vai chover não.
Depois de um grande impasse, resolvemos desafiar o tempo e montar o Cinema na Praça da Sereia, em frente ao mar. Uma praça charmosa, pequena e aconchegante, com um pequeno auditório, cenário perfeito para uma noite estrelada de cinema.
Aos poucos, a comunidade foi notando a movimentação e os primeiros ajudantes apareceram, Aron, Pedro e Carlos, três meninos da comunidade cheios de curiosidade e vontade de ver o cinema acontecer. A preparação das sessões é uma delícia: ver a praça se transformando, as mãos se ajudando, num clima descontraído, trocando ideias e impressões sobre a vida, o cinema e os filmes que marcaram a vida de cada um.
A tarde foi caindo e a noite chegou branda. Nada de chuva, só uma leve brisa, lembrando que o inverno capixaba ainda não terminou.
Com a plateia já acomodada na praça, a sessão foi aberta. Um público bem eclético estava presente: crianças, jovens, adultos, e até alguns idosos da comunidade. Em Ubu, tivemos o grande prazer de abrir a sessão com o filme A Lenda de Mona, de Renan Ferreira. O filme ainda não tinha sido exibido para um grande público em Anchieta e o Cinema na Praça serviu de palco para a estreia do filme. Baseado no livro “A Lenda de Mona”, o filme conta a lenda de da índia Mona, referenciando a origem das areias monazíticas aqui da região.
O público de cerca de cem pessoas da comunidade teve a oportunidade ver uma produção local e saber um pouco mais sobre a região de Anchieta. Após o primeiro filme, a sessão de cinema seguiu sua programação oficial, iniciando com o filme, ELE, uma animação feita por alunos da rede pública de Vitória, que conta a história do saudoso compositor Noel Rosa. A seguir, o público de divertiu e aplaudiu muito o curta “Eu Queria ser um Monstro”.
Os aplausos e risadas seguiram com o filme A Galinha ou Eu, de Denízia Moresqui, uma animada história sobre uma garotinha de cinco anos que se mete numa encrenca com uma galinha do seu quintal. A plateia se diverte e suspira com o filme a seguir, “Quando o Universo Conspira”, que conta a delicada história de um menino que queria conquistar uma menina da escola. O frio da noite não espantou as pessoas que assistiram ainda aos dois documentários, O Dono do Carnaval e Brilhantino, histórias sobre duas personalidades marcantes.
Após a sessão de cinema, houve debate entre quem estava presente. O cinema encantou moradores e turistas, provando mais uma vez como é importante termos espaços públicos que facilitem a integração entre as pessoas. A comunidade de Ubu nos recebeu de uma forma muito acolhedora. Agradecemos a todos que nos ajudaram, diretamente ou indiretamente, e aqui vai nosso agradecimento especial ao Diego, Mateus, Oswaldo, Pepeu, e Pepino que foram essenciais para o brilho desta noite. O Cinema na Praça tem realização do Instituto Marlin Azul com patrocínio da Samarco.
Nossa viagem segue e hoje a noite será em Piúma.
Fotos: Gustavo Louzada
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Por Lena Côgo
O circuito de exibição de curtas-metragens brasileiros na primeira localidade de Anchieta foi intenso. Marcada para começar às 19 horas, a sessão movimentou a Praça Central, em frente à Igreja Católica. A comunidade de Mãe-Bá agregou ao cinema uma quermesse da paróquia, envolvendo os moradores em uma gincana de vendas de quitutes. Toda a arrecadação da atividade pastoral será revertida para ações sociais da igreja local.
Duzentos e cinquenta pessoas circularam na praça durante a sessão. A equipe de produção e montagem da tela aproveitou toda a ambientação da espaço para preparar o cinema e, como sempre acontece, os moradores se envolveram com os preparativos da exibição. Os participantes ainda puderam votar no filme preferido ao final da sessão. O Cinema na Praça, que tem realização do Instituto Marlin Azul e patrocínio da Samarco, vem revelando a importância de oferecer aos moradores de pequenas localidades do sul capixaba cultura e diversão de qualidade. Viva o Cinema!
Fotos: Gustavo Louzada
A abertura do Cinema na Praça, na noite de quinta-feira (05/09), foi ao estilo da estação: aconchegante. Em função das chuvas e vento forte, a tela foi montada na Escola Estadual Manoel Rozindo da Silva, em Meaípe, Guarapari. O espaço recebeu a comunidade, em torno de 90 pessoas, de forma muito calorosa. O diretor André foi essencial para o sucesso da sessão, marcando a parceria praça-escola. A plateia ficou encantada com as histórias mostradas nos curtas-metragens. Depois da sessão, os espectadores ainda puderam votar no filme preferido. Após a realização da primeira sessão, a turma partiu para Mãe-Bá, no município de Anchieta. A realização é do Instituto Marlin Azul e o patrocínio da Samarco.
Fotos: Gustavo Louzada
Por Warlise Weller
A caravana do Cinema na Escola chegou na quinta-feira (05/09) à simpática comunidade de Belo Horizonte, no município de Anchieta. Visitamos a Escola Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental Mariana da Purificação Simões, inaugurada em 2012.
Os alunos nos aguardavam em suas salas. De manhã a escola abriga alunos de 6 a 11 anos e, no período vespertino, uma sala muito aconchegante, acolhe crianças de 1 a 6 anos. Uma unidade de ensino modelo para a região.
Depois de uma roda de apresentação, é hora de conhecer um pouco sobre o movimento das imagens através do flipbook e o tão fascinante zootrópio, a máquina que “gira e dá vida”. As crianças se empolgam com a brincadeira e conversam animadamente sobre as figuras que viram.
Lá fora chove, a sala já está escura, a pipoca estourando… e é hora de adentrar o mundo da magia. Quando avisamos que a sessão está pronta, todos levantam e correm para frente da tela, como se não pudessem mais esperar para começar a sessão. A curiosidade sobre os filmes é grande, a menina Maiane já veio logo dizendo: eu gosto de filme de terror.
O terror veio depois dos primeiros filmes da mostra infantil. Historietas Assombradas (para crianças malcriadas) despertou muita curiosidade e assombração. Um leve susto com um pozinho da Jurupari… que deixou a sala pronta para um repouso no recreio.
A escola tem uma estrutura aconchegante e acolhedora. A sessão de filmes foi regada de pipoca e muita inteiração nos filmes. A turma esbanjou participação, curiosidade e animação, como aconteceu em todas as escolas por onde passamos no sul do Espírito Santo. Nosso último dia foi com chuva, ouvindo os pingos caírem, dentro de uma sala de cinema, vendo filmes, fazendo descobertas!
Despedimos-nos dessas oito escolas com muita gratidão e respeito. Foi maravilhoso conhecer essas comunidades e ver um pouco da realidade das escolas do campo. Foram dias de intenso aprendizado. Desejamos que o cinema continue acontecendo nas instituições de ensino.
O Cinema na Praça entrou em cena agora. Alguns filmes da Mostra infanto-juvenil serão exibidos neste circuito, como por exemplo, “Eu Queria ser um Monstro” e “A Galinha ou Eu”, garantindo uma sessão para adultos e crianças. Venha encontrar a caravana!
O Cinema na Escola e o Cinema na Praça têm realização do Instituto Marlin Azul com patrocínio da Samarco.
Fotos: Gustavo Louzada
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Por Warlise Weller
Estamos bem perto do Pico da Bandeira, beirando a linha que separa o Espírito Santo de Minas Gerais. A escola fica afastada da vila. Entramos em uma estrada de chão, passando por cafezais até chegar à Escola Municipal Pluridocente de Ensino Fundamental Parada Pimentel. Aqui estudam cerca de 80 crianças, um número muito maior de alunos do que nas localidades por onde passamos nos dias anteriores.
Foi só a van estacionar e todos os olhares miravam em nossa direção. “O Cinema Chegou”, ouvi alguém dizer. Fomos conhecer as professoras, a merendeira e os alunos. Pensamos em dividir a turma por idade, mas a professora dos menores disse que seria possível fazer uma sessão com todos juntos. Difícil foi segurar essa turma curiosa e ansiosa. A novidade do flipbook trouxe muito encantamento. Os alunos “flipbookaram” e riram muito ao observar o movimento dos desenhos. Ver a flor se abrindo pelas janelinhas do zootrópio petrificou o olhar: “Olha que maneiro”.
A agitação era grande e o cheirinho da pipoca exalou “entretenimento”. Com a sala arrumada, em clima de cinema, era só chegar. Quase todas as crianças disparam para garantir um bom lugar. O momento é de grande algazarra e ansiedade. A presença dos “pequenos’ foi quase vetada pelos maiores, com receio dos filmes só para “crianças pequenas”. A pipoca chegou em boa hora. Todos se ajeitam e a sessão pode começar.
A plateia logo vibra ao ver a imagem do filme Albertinho. “É um desenho”, vibra alguém na sala. O fascínio pelas imagens e desenhos superou todas as idades. A concentração era geral. A interação ecoava na risada coletiva. Com as imagens, veio o som, que também impressionou muito. Os olhares buscavam ouvir de onde vinha aquele estrondo acústico inexplicável.
A novidade na sessão da escola de Parada Pimentel foi a batida de palmas. Talvez elas fossem de certa forma para o filme, mas o ritmo que abriu a festa foi o congo, que acompanhava os créditos da obra. O puxador era um “dos pequenos” e os aplausos no cinema deram vida ao momento. Quando a primeira sessão terminou, todos levantaram e foram merendar.
A refeição do dia é arroz com molho branco. A pressa para brincar no recreio é tão grande quanto a fome. As meninas gostam de pular corda, os meninos de jogar bola. Depois da pausa, a sala fica cheia para a sessão infanto-juvenil. As idades se misturam. Ninguém parece estar muito assustado com o Monstro Boitatá, mas alguns se abraçam, olhando concentrados para a tela, celebrando o frisson que o filme causou.
A criançada se diverte com o filme “A Galinha ou Eu” que instigou o coro a cantar, dirigido pelo Caca, o maestro do cinema. O “alecrim dourado que nasceu no campo sem ser semeado” encheu a sala de boas energias. Emocionante ouvir essa participação acústica!
Quando as luzes se acenderam, o pedido de sempre: queremos ver mais filmes! Os pequenos e os grandes foram fisgados por este mundo animado de imagens e estímulos, cheio de histórias, invenções, desenhos, cores, diálogos, sons, cantigas, monstros e monstrinhos, porcos, gatos, ratos, cachorro, burro, elefante, girafa, peixes, tartaruga, capivara…um universo onde a imaginação deixa tudo acontecer!
Depois de uma semana intensa, o Cinema na Escola se despede em grande estilo nesta animada sessão em Parada Pimentel. Foram dias de muita diversão e aprendizado. Conhecemos muitas crianças, convivemos com a curiosidade e criatividade de um público infantil muito participativo. Nossa próxima sessão será no dia cinco de setembro na Escola Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental Mariana da Purificação Simões, na comunidade de Belo Horizonte, em Anchieta. A realização é do Instituto Marlin Azul com patrocínio da Samarco.
Fotos: Gustavo Louzada
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