Por Lena Côgo
Chegamos ao final do Cinema na Praça. A última sessão aconteceu na terça-feira (17/09), no assentamento de Agrovila, em Guaçuí, no interior sul do Espírito Santo, reunindo um público atencioso e, mais uma vez, acolhedor como aconteceu por todos os lugares por onde passamos.
A comunidade de Agrovila recebeu pela primeira vez uma sessão de cinema. Foi em noite de lua cheia e regada a pipoca e caldinho verde. O evento foge da rotina dos moradores já que é uma comunidade rural que tem seu horário noturno sem atividades. Nessa exibição 80 crianças, jovens, adultos e idosos assistiram encantados à sessão, tendo o curta-metragem Brilhantino, de Muqui (ES), como o vencedor do júri popular.
Durante as 13 exibições, os espectadores puderam votar no filme de sua preferência. Ao todo, as urnas totalizaram 760 votos. Deste total, 215 votos foram para o documentário “A Galinha ou Eu”, de Denízia Moresqui, de Itambé, Paraná. O segundo lugar ficou com “Quando o Universo Conspira”, de Caio Bortolotti, do Rio de Janeiro, ao alcançar 177 votos. A animação “Eu Queria Ser um Monstro”, de Marão, do Rio de Janeiro, conquistou 118 votos da plateia. Com 116 votos, o quarto lugar foi para “Brilhantino”, de Ériton Berçaco, de Muqui, no Espírito Santo.
Obrigada Agrovila, valeu Guaçuí! O Cinema na Praça tem realização do Instituto Marlin Azul e o patrocínio da Samarco.
Fotos: Gustavo Louzada
Por Warlise Weller
Chegamos à penúltima sessão do circuito Cinema na Praça no dia 16 de setembro. A comunidade de Rive pertence ao município de Alegre. Esta agradável localidade abriga muitos jovens e estudantes, devido ao campus da UFES. Montamos a sala de cinema na rua principal, perto da escola e da quadra da vila. O espaço é bem grande e aproveitamos alguns degraus de um prédio antigo, que poderia acolher o público que não conseguiu mais cadeiras livres.
A tarde cai rápido e logo avistamos uma lua quase cheia no céu. O clima da vila era descontraído e animado. Não tinha como passar aí e não identificar o Cinema na Praça. Muitas pessoas já sentavam nos bancos perto da praça e esperavam pelo início da sessão. Aos poucos, não havia mais nenhuma cadeira livre. A praça estava tomada de rostos sorridentes e simpáticos. Iniciamos a sessão exibindo o filme feito por alunos de Rive durante o projeto Resgate Histórico da Memória.
O projeto Resgate Histórico das Comunidades, desenvolvido com o apoio da Samarco, valoriza a história das cidades por onde passam os minerodutos da empresa. Muitos moradores de Rive ainda não conheciam o vídeo. A obra audiovisual da comunidade é contada por alunos da rede pública, que se transformaram em repórteres e guardiões da história local.
Tudo estava indo bem na sessão de cinema, a programação já estava chegando ao fim quando de repente houve uma queda de energia. A esperança era que a energia logo voltasse, porém, fomos informados que Jerônimo Monteiro, o município ao lado, também estava sem energia. “Poxa que pena, aqui nunca tem nada e quando aparece algo diferente, ficamos no escuro”, lamentou uma senhora. A comunidade ainda receberia a presença do “Boi Pintadinho”. E para fechar a noite, a programação cultural também contava com o grupo de forró, que já estava posicionado esperando a hora de soltar a sanfona. Os moradores sentiram que a programação foi interrompida. Alguns ainda ficaram na praça conversando, era como se não quisessem que o encanto se quebrasse.
Despedimos-nos do município de Alegre e partimos para nossa última exibição na comunidade de Agrovila! O projeto Cinema na Praça iluminou muitas praças, conquistou e encantou as diversas faixas etárias que prestigiaram o circuito. A realização é do Instituto Marlin Azul e o patrocínio da Samarco.
Fotos: Gustavo Louzada
Por Warlise Weller
O dia (15/09) acordou ensolarado com uma leve preguiça de fim de semana. Nossa caravana sobe a serra em direção à Muniz Freire. O caminho é uma série de paisagens bucólicas, singelas com paredões majestosos.
Assim que chegamos, encontramos o que precisávamos: comida! Já passava de duas da tarde e a barriga chorava. Com as forças refeitas fomos para a praça principal, palco do cinema desta noite. A organização fluiu e, em pouco tempo, a rua estava interditada, o ponto de luz à nossa disposição e fomos ganhando a simpatia e ajuda de quem circulava pela praça. A cidade tem um ritmo tranquilo, ruas sossegadas, moradores passeando e brincando na praça, que é o eixo central da cidade.
A catedral fica na parte mais elevada da cidade e domingo é dia de missa. Atrasamos um pouco a nossa programação para que os fiéis também pudessem assistir à sessão. A movimentação já era grande e, devagarinho, todas as cadeiras estavam ocupadas. A plateia conversava animadamente enquanto desfrutava da pipoca que era distribuída. A novidade do cinema na rua contagiou os moradores. Crianças, jovens, adultos, senhores e senhoras, todos compareceram. A sensação era a de uma praça em festa, mas assim que iniciamos a programação, o silêncio e a concentração do público surpreenderam.
O repertório de Noel Rosa estava em perfeita harmonia com o astral do domingo na praça. O curta-metragem “Ele” abre a sessão com força. A animação que segue, “Eu Queria ser um Monstro”, arranca boas gargalhadas do público. Após os filmes de animação, é hora de conhecer a história “A Galinha ou Eu”, de Denízia Moresqui, que tem sido preferência de público em quase todas as sessões. Com a praça totalmente cheia, observamos os suspiros e sorrisos que a ficção “Quando o Universo Conspira” provoca. O filme mostra de um jeito delicado a timidez de um adolescente ao abordar uma garota de sua escola. Aplausos revelam a animação da plateia. O público se deleita com as histórias de “O Dono do Carnaval” e “Brilhantino”.
Quando a sessão acabou, os olhares se viraram para o projetor na esperança de ver mais filmes. O brinde da noite ficou por conta do filme “Valei-me São Sebastião é o Fim do Mundo”. O sotaque baiano conquistou a plateia que se divertiu com a comédia dirigida por Marcondes Dantas, realizada na segunda edição do projeto Revelando os Brasis.
Depois da sessão, a praça continuou lotada. A votação do júri popular também foi divertida. Todos querendo votar na sua história preferida e participar do sorteio de um DVD com filmes. Conversando com duas moradoras antigas, fiquei sabendo que Muniz Freire já teve uma sala de cinema um dia. Seus relatos remetem a boas lembranças e a uma pitada de saudosismo. Observo a praça colorida de pessoas e tento imaginar, como seria se todas as praças tivessem um espaço de cinema ao ar livre, um cineclube nas praças. A experiência em Muniz Freire provou que aqui isto seria totalmente possível.
A caravana segue para mais uma apresentação no município de Alegre. Hoje estaremos em Rive, na rua principal, em frente à escola local.
Fotos: Gustavo Louzada
Por Warlise Weller
Nosso primeiro compromisso do dia foi conhecer a Cachoeira da Fumaça e tomar um banho revigorador. A beleza da cachoeira é estonteante, imponente. O lugar é reservado e bem preservado. Um sábado de sol nos acaricia e a água da cachoeira tem uma temperatura bem agradável. Um friozinho gostoso.
A comunidade que vamos visitar hoje é Vila do Sul, bem próxima à cidade de Alegre. Logo ao entrarmos na vila, os moradores notaram nossa presença. Ouvi alguém comentar: é o cinema que está chegando. Pedimos uma informação para uma moradora que estava sentada na varanda de sua casa. Não sabíamos bem ao certo onde seria o local de montagem. Ao chegarmos ao local, não encontramos ninguém que pudesse nos orientar.
O terreno que nos foi indicado era um espaço bem amplo, um pouco afastado do centrinho. Nossa sorte foi que ao lado do terreno havia uma simpática rua, sem postes de luz, em frente ao Centro de Saúde. Nossos anjos auxiliadores foram três meninos que andavam de bicicleta pela rua. Eles nos levaram até dona Soninha, que trabalha no posto e tem a chave. Ela nos acolheu totalmente e acompanhou e ajudou na montagem.
Coincidentemente, dona Soninha era a mesma pessoa para a qual pedimos informação quando chegamos. Ela foi nossa anfitriã em Vila do Sul. Aos poucos, mais crianças foram chegando e com o cair da tarde, já era hora de finalizar nossa estrutura. As crianças ajudavam e contavam suas histórias.
Um dos meninos que mora no morro em frente ao local do cinema disse que viu o caminhão chegar pela varanda da sua casa. “Peguei minha bicicleta e vim logo para cá ver o que iria acontecer”. Mal sabia ele que seria uma peça chave desta noite e ajudaria a definir a sessão de cinema em sua comunidade. É o coletivo que fortalece o movimento. São várias mãos que ajudam a realizar este projeto.
Montamos uma estrutura diferente para deixar a rua mais aconchegante. O pipoqueiro chegou e o cheirinho foi chamando a vizinhança. Os moradores nos cumprimentavam e expressavam sua satisfação pela oportunidade de ter uma noite de cinema em um lugar onde as atividades culturais são bem raras. O cinema mais perto daqui fica em Cachoeiro de Itapemirim. O meio audiovisual ainda não tem muita força nessa região, o que é uma pena, já que todo lugar é rico em histórias, jovens e crianças com muitas ideias e criatividade para expressar.
O público em Vila do Sul estava silenciosamente acomodado nas cadeiras e a concentração era notória. Um cenário inusitado, uma rua sem saída, bem escura, com as luzes do morro ao fundo e uma sala de cinema. A plateia se divertiu com os filmes. Nem mesmo o sereno da noite espantou essa turma que pediu “bis”.
A animação continuou após a sessão de filmes com o júri popular que defendia em voz alta os prediletos da noite. “Como é mesmo o nome do filme onde o menino não queria tomar banho?”, “Eu gostei do filme da Galinha”. Nosso sorteio de um DVD premiou nesta noite o menino Bruno, que foi logo intimado pelos amigos a organizar uma sessão de cinema em sua casa.
Despedimos-nos de mais uma noite de céu estrelado e lua enchendo. Agradecemos à comunidade de Vila do Sul por estar presente nesta agradável noite do Cinema na Praça. Desejamos que os filmes inspirem muita imaginação e diversão na memória! Obrigada pelo acolhimento.
Fotos: Gustavo Louzada
Por Warlise Weller
Estamos conhecendo as colinas de Alegre. São três exibições neste município: Celina, Vila do Sul e Rive.
A sessão em Celina era aguardada no dia 13 de setembro com muita expectativa. Esta simpática vila já viveu dias históricos e movimentados com o trem que passava por aqui. O palco do cinema de hoje é justamente em frente à antiga estação ferroviária, um cenário bastante bucólico. Tudo parecia perfeito, mas no caminho avistamos nuvens negras que nos assustaram. Como Celina está localizada mais ao alto, só restava torcer para que a chuva descesse e não subisse mais.
Assim que chegamos à Celina, fomos logo para a escola, consultar o nosso plano “coberto”, em caso de chuva. A quadra da unidade de ensino poderia ser usada. Acertamos os detalhes e nos dirigimos para a estação, só para ver o local onde seria a noite de cinema e de forró. O tempo estava muito incerto e era quase certo que seria na escola. Ao chegarmos à estação, fomos surpreendidos por um imenso arco-íris que riscou o céu e nos trouxe esperança.
Conversamos com os moradores, os nativos da cidade, que garantiram que a chuva tinha ido embora e não iria subir a serra. Mesmo na incerteza, começamos a montagem. Aos poucos, o sol foi aparecendo e o tempo conspirava a nosso favor!
O cinema na estação ferroviária ficou muito charmoso! Abrimos a sessão juntamente com a Secretaria de Cultura de Alegre, que apoiou esta iniciativa, contribuindo com um programa cultural na região. A sessão foi inaugurada com o filme de Celina realizado a partir do projeto Resgate Histórico das Comunidades, com apoio da Samarco. Muitos moradores ainda não tinham visto a obra audiovisual e ficaram bastante felizes ao ver e ouvir o depoimento de algumas pessoas da localidade.
Para nossa grande surpresa, uma das entrevistadas durante o filme é a dona Adelinha, a moradora Adélia Garcia, que já havíamos conhecido em nossa primeira viagem à Alegre.
A programação do Cinema na Praça começou e não havia mais nenhuma cadeira livre. A estação também oferecia alguns lugares onde a plateia poderia sentar para assistir aos filmes. Todos estavam concentrados e se divertiam com as histórias e “causos” que conheceram nesta noite. Já era tarde, mas a vontade era de ver mais produções.
O grupo de Caxambu “Horizonte” fechou a celebração desta linda sessão de cinema entoando e batendo forte! A seguir, os forrozeiros já estavam posicionados e logo soltaram o som para as chinelas dançarem. A desmontagem da estrutura de cinema foi descontraída e, aos poucos, com um passo de forró e uma martelada, tudo ficou pronto. O sereno caía e era hora de descer a serra e ir descansar.
Agradecemos aos moradores de Celina por nos receberem e nos fazerem sentir parte desta comunidade. O Cinema na Praça tem realização do Instituto Marlin Azul e o patrocínio da Samarco.
Fotos: Gustavo Louzada