Por Warlise Weller
O bonde do cinema na praça partiu de Cachoeiro de Itapemirim feliz com os dias e apresentações vividas nas três localidade por onde passamos.
Nosso pouso é em Alegre, mas Parada Cristal fica antes, no município de Jerônimo Monteiro. Parada Cristal leva este nome, pois já foi uma parada da velha locomotiva que vinha de Mariana, Minas Gerais. O lugar recebeu a sessão do dia 12 de setembro.
Senhor Eleúde, nosso pipoqueiro anfitrião da noite, nos contou que Jerônimo Monteiro tinha a parada do trem, porque ali passava um córrego com uma água tão limpa parecendo um cristal. A locomotiva parava para abastecer e, por isso, o local ficou conhecida como Parada Cristal.
Nossa sala de cinema foi ao ar livre, tendo como fundo da tela, a beira do córrego, um bambuzal e um paredão imenso do outro lado. A escola do lado esquerdo da tela. Nosso produtor local foi o pescador, menino e estudante Lucas, 14 anos. Conhecemos Lucas assim que chegamos no lugar. Ele estava indo para o riacho, com uma peneira e um arpão na mão para pescar. Falamos sobre o cinema e perguntamos se ele podia nos ajudar. Com um sorriso nos lábios e muita curiosidade nos olhos, Lucas logo topou. E lá fomos nós, desce tapete, cadeiras, torre, projetor, som e tudo que precisamos para montar nosso cenário.
O cinema ao ar livre transmite uma sensação de liberdade intensa. Algumas crianças foram se aproximando e, assim, recebemos mais algumas mãos para ajudar a colocar as capas pretas nas cadeiras brancas. A lua já estava lá e, mansamente, a escuridão trouxe várias estrelas brilhantes. Um frio leve fez com que esta noite recheada de pipoca e filmes se tornasse algo bem especial na vila.
A sessão foi aberta com a exibição do filme feito pelos alunos através do projeto Resgate Histórico das Comunidades. Alguns dos entrevistados da produção estavam presentes na sessão e se emocionaram ao se reconhecerem na tela. A seguir, exibimos a programação do circuito para uma plateia totalmente concentrada e interessada nos filmes. Foi uma sessão muito agradável e espontânea. O público adulto superou o infantil. Quando a programação acabou, todos estavam muito dispostos a votar no melhor filme da noite, porém com um problema: “eu gostei de todos” disse uma senhora. A noite continuou nas rodinhas de papo, na praça e no barzinho da esquina. O ar do cinema encantou a vila. Muitos moradores vieram nos agradecer por estarmos promovendo esta noite diferente em um lugar tão pacato. Nossa equipe também agradece o aconchego que recebemos dos moradores de Parada Cristal. O Cinema na Praça tem realização do Instituto Marlin Azul e o patrocínio da Samarco.
Desejamos que o cinema continue visitando Parada Cristal e que o município de Jerônimo Monteiro tenha boas histórias para contar participando do Concurso Nacional de histórias do Revelando os Brasis – Ano V, destinado a moradores de municípios com até 20 mil habitantes.
Fotos: Gustavo Louzada
Por Warlise Weller
Nosso bonde partiu para Pacotuba para a sessão do dia 11 de setembro. No lugar temos uma ajudante e acompanhante. Bruna, que está hospedada na pousada onde estamos, pediu se podia participar da sessão em Pacotuba. Fomos para o centro buscar Elias. O Elias é o cara! É o nosso eletricista, guia turístico, contador de algumas histórias e comprometido com o seu trabalho. Ele foi o produtor executivo elétrico do circuito em Cachoeiro.
Chegamos em Pacotuba no meio da tarde. O vento soprava meio forte. Alguém já nos havia orientado, que o vento sopra a poeira da estrada quando está com força. A rua estava cheio de postes de luz e o céu bem instável. Quando conhecemos a quadra da praça, vimos que era ali que a sessão deveria acontecer. Interrompemos mais um jogo de futebol e cancelamos o treino dos meninos… mas em prol de uma boa causa: hoje tem cinema na quadra. Fomos imediatamente bem recebidos. Dois simpáticos garotos da equipe de futebol ajudaram a descer as cadeiras e equipamento. O garoto mais forte, zoava com Guilherme, nosso técnico, dizendo não acreditar que ele pudesse levantar peso com tanta magreza. A movimentação logo causou curiosidade e os primeiros se aproximaram para perguntar o que iria acontecer na quadra.
Escolhemos a posição mais protegida do vento e montamos as fileiras de cadeiras do nosso “auditório de Pacotuba”. Gabriel, um menino da comunidade, além de nos ajudar a montar o cenário, falou sobre sua comunidade, sua escola, seu time de futebol, seus amigos. Logo foram chegando mais algumas crianças e como tudo já estava pronto, resolvemos testar o equipamento, fazendo uma sessão prévia infantil. Exibimos dois filmes do projeto Animazul, Albertinho e Mestre Vitalino e Nós no Barro. A Animação pescou o olhar e a atenção do pequeno público que ocupava as primeiras cadeiras.
Quando a quadra foi enchendo, a pipoca chegou para alegrar o público. Adultos, crianças, jovens, idosos, se divertiam num clima de expectativa e curiosidade. A sessão começou com o documentário sobre Pacotuba. Este vídeo foi realizado por alunos da escola através do projeto Resgate Histórico das cCmunidades, com o apoio da Samarco. A plateia dava gargalhadas ao se reconhecer no telão. E para nossa surpresa, a senhora mais idosa do bairro, entrevistada para o filme, dona Abigail Leandro, foi chamada rapidamente para vir até a quadra para ver o vídeo. No final da exibição, uma salva de palmas para dona Abigail.
A programação do circuito começa e as crianças se divertem com os desenhos do filme Ele. O clima era de muita descontração. Olhares colados na tela, comendo pipoca, comentando as cenas engraçadas com o amigo ao lado… A sessão estava concentrada.
“Eu Queria ser um Monstro” e “A Galinha ou Eu”, são fortes concorrentes para o júri popular. Ambos arrancam boas gargalhadas da plateia. O filme “Quando o Universo Conspira” magnetiza o público também. O desfecho da história provoca risos e suspiros. “O Dono do Carnaval” e “Brilhantino” ganham agora a atenção dos adultos presentes na sessão. Os pequenos se jogam no tapete vermelho e fazem uma bagunça “organizada”, sem interferir muito na sessão. E foi assim que sentimos essa comunidade que já foi quilombola. Pacotuba é como se fosse um distrito, tem um perfil de respeito, de reconhecimento de limites.
A equipe agradece pelo apoio e acolhimento da comunidade, pela participação e envolvimento nesta noite de cinema em Pacotuba, que é uma palavra indígena na tradução do nome original da vila: Bananal. O Cinema na Praça tem realização do Instituto Marlin Azul com patrocínio da Samarco.
Fotos: Gustavo Louzada
Por Warlise Weller
Estamos vivendo dias tranquilos e de convivência com os mais diversos grupos de habitantes desta cidade cortada pelo Rio Itapemirim.
A sessão no bairro do Valão aconteceu no dia 10 de setembro, na quadra da escola, a EMEB Maria das Dores. Um ginásio amplo, bonito, bem cuidado. A montagem foi rápida e descomplicada. O tapete vermelho estendido, combinando com as cores do ginásio. Quando tudo estava pronto, ficamos em dúvida se o público compareceria à sessão nesta noite, já que a quadra era num local com menos visibilidade do que uma praça.
Porém, aos poucos, algumas carinhas foram aparecendo no ginásio. Um pai e sua filha foram os primeiros a chegar. Mais crianças e adultos foram chegando e, neste momento, a pipoca já estava sendo desfrutada pela plateia que aguardava a abertura da sessão. Todas as 120 cadeiras ficaram ocupadas e a arquibancada do ginásio também.
Os filmes do circuito Cinema na Praça contempla todas as idades e, por isso, todos têm a sua hora e suas preferências na sessão. Por vezes, uma certa dispersão tomava conta da festa no ginásio e alguns adolescentes quase esqueceram que estavam no meio de uma sessão de cinema. O filme ”Quando o Universo Conspira” consegue buscá-los de volta para o telão e prende a atenção.
A sessão segue regada de muita pipoca, algazarra e chuvas de papel. A história de Brilhantino finaliza a programação com um público de cerca de 150 pessoas. As luzes acendem e o júri popular entrega seus votos. No final de cada sessão acontece o sorteio que presenteia um DVD de filmes. A pequena Karolyne é a ganhadora desta noite. Ela que veio acompanhada de seus irmãos e amigos, disse que vai levar o DVD de presente para sua mãe.
Agradecemos o apoio da Renata, diretora da escola, que nos recebeu e disponibilizou o espaço do Cinema na Praça, no Valão. O Cinema na Praça tem realização do Instituto Marlin Azul com patrocínio da Samarco.
Em seguida, a caravana seguiu para a comunidade de Pacotuba.
Fotos: Gustavo Louzada
Por Warlise Weller
O Cinema na Praça chegou em Cachoeiro do Itapemirim. Aqui foram programadas três exibições. Inauguramos nossa temporada, no dia 09 de setembro, na comunidade Village da Luz, localizado no morro do mesmo nome.
A exibição foi na quadra de moradores do bairro. Quando chegamos lá com Elias, nosso parceiro eletricista da cidade, a quadra estava ocupada por um grupo que jogava futebol. Não fomos vistos com bons olhos, já que estávamos anunciando que iríamos precisar do espaço nesta tarde para montar o cinema. Não foi fácil a negociação com os pequenos grandes jogadores. A promessa de uma noite diferente, filmes na quadra com os amigos, pipoca, fotos, animação… aos poucos os olhos visualizaram um outro quadro.
Entramos em ação: vassoura, lixo, limpeza, instalação, cadeiras, telona, projetor, caixas de som, tapete vermelho. Os primeiros ajudantes apareceram e a força de Geraldo e Helio foi o nosso tripé de montagem. Ventava muito na quadra e mudamos duas vezes de posição para conseguir o melhor ângulo e segurança na quadra. Aos poucos, o espaço ganhava cara de cinema. Todas as cadeiras enfileiradas, o tapete esticado, a tela aguardando o público.
A movimentação já havia chamado a atenção dos moradores. A quadra fica no topo do morro, ao lado de uma praça por onde muita gente circula. A criançada foi chegando, sentindo o cheiro da pipoca. Alda é o carro- chefe da pipoca nesta noite. Muitos saquinhos de pipoca foram distribuídos durante a sessão.
A imprensa também veio e cobriu mais uma vez este evento que tem como objetivo, proporcionar à comunidade acesso ao cinema, considerado um dos canais de reflexão, diversão e educação mais expressivos entre os meios de entretenimento e um instrumento de desenvolvimento humano e social.
A secretária de cultura de Cachoeiro de Itapemirim, Joana D’arck Caetano, também esteve presente e elogiou a iniciativa, ressaltando que este circuito é um modelo de política pública que ela gostaria de implementar no planejamento cultural de sua gestão.
A sessão abriu com um filme sobre a comunidade Village da Luz, feito por alunos da rede pública. O vídeo foi realizado através do projeto “Resgate histórico das comunidades”, com o apoio da Samarco.
Depois do documentário local, começa a sessão de curtas com o filme Ele, que conta a história de Noel Rosa. Foi quando alguém descobre o efeito que a sombra faz brincando no reflexo do projetor. A descoberta provocou uma chuva de bolinhas de papel na plateia. A criançada estava agitada e muito animada. Mas rapidamente, as imagens capturam a atenção do público que se diverte com as histórias da programação. Não havia mãos suficientes para fazer e distribuir os saquinhos de pipoca que alegrava o público. Pais e crianças vivem uma noite de alegria, diversão e ação. O som do cinema provocou curiosidade e trouxe os moradores do bairro para o topo do morro também.
Mais uma vez ficou claro que as comunidades precisam de ações de promoção e acesso, ações que propiciem o desenvolvimento com envolvimento! Promover a cultura, facilitar o convívio dos moradores e criar espaços e oportunidades para a diversão com reflexão e ação. O Cinema na Praça tem realização do Instituto Marlin Azul com patrocínio da Samarco.
Agradecemos a receptividade dos moradores do Village e desejamos muita luz para toda a comunidade.
Fotos: Gustavo Louzada
Por Warlise Weller
A sessão de Piúma, no dia 08 de setembro, foi numa rua do centro, ao lado da praça principal. Como sempre, primeiro tivemos que conversar com o “tempo”, pois o céu continua com sua instabilidade emocional…
Decidimos montar e testar o “telão” na rua para fazer uma grande sessão de domingo. O Cinema na Praça reuniu 150 pessoas, um público diversificado formado por crianças, famílias, idosos, adultos.
A sessão foi aberta com uma atividade cultural local, o Grupo de Capoeira Candieiro. A roda foi animada e inspirou a comunidade a vir participar da atração.
Abrimos com o filme “As Voltas do Mundo”, de Fabrício Santana, um dos participantes da quarta edição do Revelando os Brasis. Mais uma vez, o momento foi regado à pipoca e tivemos um carrinho de pipoca bem charmoso que animou a criançada.
Exibimos todos os filmes da programação e um bis no final. A comunidade pediu para voltarmos… porque adoraram a ideia de sentar na rua e fazer dela uma sala de cinema.
Agradecemos o apoio da Secretaria de Cultura, que com a ajuda imprescindível de Reginaldo, Tupan e Beto fizeram que não só a Lua brilhasse neste noite. O Cinema na Praça tem realização do Instituto Marlin Azul com patrocínio da Samarco.
Seguimos para Cachoeiro de Itapemirim, Village da Luz.
Fotos: Gustavo Louzada
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